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Pensar a relação com o território, identificar um problema comunitário, imaginar uma solução criativa possível e colocá-la em prática de maneira coletiva é parte da proposta do Cidadania Criativa, projeto da AIC que desde 2019 oferece formação em artes gráficas, fotografia e audiovisual a adolescentes de Belo Horizonte e região metropolitana. Mas chegou a pandemia, e, com ela, a impossibilidade dos encontros presenciais que costumavam ser feitos em escolas, centros comunitários e culturais.
Estava lançado o desafio: como fazer o Cidadania Criativa acontecer à distância, em meio a todas dificuldades que a pandemia e seus desdobramentos nos trouxeram? Como usar as ferramentas tecnológicas a nosso favor? Como criar pontes em meio ao distanciamento social? Como discutir sobre os territórios da cidade a partir do confinamento? A resposta foi, como costuma ser por aqui, aprender fazendo. Surgiu então o curso remoto Comunicação Solidária, que formou duas turmas em 2020.
“Reunião marcada para as 14h, e às 13h30 ligo meu computador, pego minha garrafa de água e um café. A reunião começa e entro na sala. Achei tudo muito estranho, pois não conseguia ver ninguém, mas ouvia. A internet estava razoável até que eu pedi a fala e ela resolve cair, fiquei preocupada, mas consegui voltar e concluir minha fala. O café esfriou, a água acabou e eu continuei perdida com esse novo jeito de reunir.”
Texto de Joana D’Arc Oliveira Cunha, na publicação ‘Relatos da Quarentena’.
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Arte da publicação Relatos da Quarentena.
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Caderno de processos de participante do curso Comunicação Solidária.
![](https://aic.org.br/uploads/2020/12/img-20201123-185517-643.jpg)
Marcos Vinícius Lopes de Araújo, 14 anos, junto a estêncil produzido para o Divercores.
![](https://aic.org.br/uploads/2020/12/whatsapp-image-2020-11-27-at-181117-768x1024.jpeg)
Isaura Mitiko Kawaguiski, costureira que uniu os módulos do estandarte do Divercores em uma única grande peça.
Para trocar uma ideia sobre comunicação e arte com as turmas de jovens, diferentes ferramentas foram mobilizadas – desde grupos de Whatsapp até a entrega de materiais e caderno de atividades, passando pela gravação de videoaulas e pela promoção de encontros por videochamadas. Bruna Lubambo, educadora do projeto, conta que com o tempo todo mundo foi aprendendo as manhas: como e quando enviar mensagens, quais os melhores formatos para as videoaulas, como construir presença à distância.
Quem participou deu a letra: o curso foi oportunidade de trocar experiências e perspectivas e dar vazão à criatividade por meio de produções baseadas nos conteúdos aprendidos. Entre mensagens aqui e ali, as e os jovens participantes foram criando em conjunto e tecendo laços entre si – vindos de diferentes territórios, a maioria se conheceu na própria formação.
“A gente sempre tenta ouvir o outro, pega ideia dali, incrementa mais, fala o que gosta e o que não gosta de um jeito tranquilo e é assim. Um adendo é que isso ajudou todo mundo a amadurecer e a se comunicar melhor com os outros e eu acho isso super legal!”, atesta Sthefane Cristina Rodrigues da Silva, 17 anos, moradora do bairro Vale do Jatobá e participante da segunda edição do Comunicação Solidária.
A reta final dos cursos dá lugar para a melhor parte, segundo Bruna: “aquela que a gente coloca a mão na massa e faz um projeto de autoria dos jovens acontecer de maneira colaborativa, cada um dando uma ideia, cada um fazendo um pouco”. Em cada uma das turmas, a chuva de ideias originou projetos potentes de protagonismo juvenil. O primeiro, um livro ilustrado de poesias chamado Relatos da Quarentena, todo produzido pelo Whatsapp e aplicativos de edição online, com direito à transmissão ao vivo do lançamento no canal do Fórum das Juventudes da RMBH. O segundo, uma intervenção urbana sobre diversidade de gêneros e orientações sexuais, a Divercores, que levou o tema para as ruas por meio de cartazes e estandarte estampados em estêncil, além de produzir conteúdos para as redes sociais.
E quem disse que não era possível promover partilhas em tempos de quarentena? As juventudes estão aí para mostrar que, mesmo longe, é possível resolver problemas e mobilizar pessoas com inventividade e disposição.
O Cidadania Criativa – Ações em Rede Pelo Desenvolvimento Integral da Criança e do Adolescente em Situação de Risco Social, realizado pela Associação Imagem Comunitária (AIC) com recursos oriundos do Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Belo Horizonte (FMDCA/BH). Parte dos processos e produções das duas turmas do curso remoto Comunicação Solidária pode ser vista aqui.
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