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Mobilizar é se movimentar! Ao longo da história, grupos, comunidades e civilizações se reúnem e direcionam suas ações em prol de demandas, objetivos e identidades em comum. Nesse sentido, as sociedades foram se organizando, e a movimentação em suas redes de relações se complexificou para dar conta dos diversos aspectos da vida social. O termo mobilização social designa os movimentos das redes orientados pela ação política e cívica. Seu uso está diretamente ligado à emergência de sociedades democráticas e à noção de cidadania.
A mobilização social acontece quando um grupo de pessoas, que compartilham entendimentos de mundo e opiniões sobre temas que afetam a sua realidade, se movem a favor de uma causa, no sentido de construir diálogo com a sociedade. Essas pessoas estabelecem responsabilidades, criam e compartilham conhecimentos sobre aquele assunto. A causa precisa de interesse público, ou seja, algo que não afete só a vida de uma pessoa ou de um pequeno grupo, mas uma coletividade abrangente de pessoas.
Em democracias representativas, a ação política ultrapassa a escolha de novos governos, ou a filiação partidária. Todas as esferas da sociedade são capazes de pautar o interesse público e promover movimentos em prol de suas causas. E a comunicação se apresenta como fator central na mobilização social. É ela quem transita questões da vida privada para a esfera pública através do compartilhamento de discursos, visões e informações, acionando identidades, coletivizando causas, promovendo engajamento e fortalecendo vínculos.
E essa tal de comunicação para mobilização social?
Para mobilizar é preciso pensar os sentidos que atravessam as relações e as motivações que as constituem. Também é preciso refletir sobre as ações e conteúdos que comunicam nos contextos das redes, além de levar em conta os ruídos e o dissenso. Seguindo essa lógica, a comunicação desempenha três importantes funções na mobilização social: coletivização, vinculação e identificação.
1. Coletivização
Coletivizar é gerar visibilidade para as questões a partir de um movimento constante do individual para o coletivo. A percepção de que algo que afeta no individual é também um problema de outras pessoas leva ao entendimento de que a solução é alcançada pela união de esforços em prol das causas.
As causas, por sua vez, devem ter suas razões expostas publicamente. É importante que sejam apresentadas como concretas, de interesse público, tenham relação com valores mais amplos e apontem possibilidades de transformação dos problemas. Ou seja, elas devem ter a identidade de um projeto de mobilização social.
Para além da simples divulgação de fatos, a coletivização aciona interesses e empatias. Tem por objetivo promover engajamento, de forma a conferir aos sujeitos não apenas acesso à informação, mas provocá-los a incorporarem essa informação, apropriarem-se dela, multiplicarem-na e tornarem-se eles próprios fontes de novas informações.
2. Vinculação
E não há mobilização social sem participação. A comunicação é o meio pelo qual é possível gerar e manter vínculos entre o projeto de mobilização e seus públicos. Essa vinculação se apresenta em diferentes níveis, que refletem os posicionamentos dos sujeitos em relação ao projeto mobilizador e orientam sua atuação na causa.
3. Identificação
Coletivizar, gerar empatia, promover engajamento e convocar à ação são movimentos que acontecem na construção de uma identidade comum, que seja inclusiva e ajude a organizar a vida comunitária e a solidariedade coletiva. Essa construção se dá por meio de elementos simbólicos que despertam sentimentos de reconhecimento e pertencimento nos indivíduos – e a comunicação é a prática que, nas relações, movimenta símbolos e códigos comuns para criação, transmissão e apreensão das informações. Pensar estrategicamente a comunicação é, portanto, acionar as identidades dos sujeitos e públicos no processo mobilizador.
Este conteúdo foi adaptado da cartilha Oficina de Mobilização e Articulação Social, elaborada em 2015 pela AIC, através do projeto Centro de Mídias de Acesso Público, patrocinado pelo programa Oi Novos Brasis, do Instituto Oi Futuro.
1 HENRIQUES, Márcio S. et. alii. Comunicação e Estratégias de Mobilização Social. 2.ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.