Como valorizar e disseminar os patrimônios culturais de uma localidade? Foi com essa pergunta debaixo do braço que, ao longo de 2023, o programa Raízes da Gente 1 percorreu Matozinhos, cidade mineira da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Os caminhos criados junto à comunidade foram variados, sempre envolvendo agentes culturais locais e visando à multiplicação de seus saberes e fazeres junto a diferentes públicos. 

Dois eventos – o Festival Raízes da Gente e a Mostra Mobiliza Cultura – marcaram a abertura e o fechamento do ciclo. Esses importantes espaços de articulação de redes e parcerias possibilitaram a troca de conhecimentos e a visibilização dos patrimônios locais. Ao mesmo tempo, as ações formativas capacitaram os agentes locais a atuarem de forma mais qualificada na promoção da cultura. Juntos, pudemos aprofundar suas reflexões e oferecendo ferramentas para potencializar seu trabalho. E, para fechar com chave de ouro, os atendimentos em comunicação impulsionaram o trabalho de quem mantém viva a cultura no cotidiano da região. 

Segundo depoimentos e avaliação dos participantes, o conjunto de ações do Raízes da Gente possibilitou avançar na formação e consolidação de uma rede de grupos e coletivos e fazedores de cultura de Matozinhos e região. A conquista não poderia estar mais alinhada ao nosso propósito. Afinal, acreditamos em ações coletivas e articuladas para a promoção da cidadania e investimos no valor das conexões. 

Saiba mais sobre algumas das ações realizadas! 

Raízes da Gente, o Festival 

Em março de 2023, apresentações artístico-culturais, feira, oficinas, contação de histórias, sessões de cinema e estandes de grupos e associações se instalaram na Praça da Estação, em Matozinhos. Era o Festival Raízes da Gente, que, como parte das celebrações de 200 anos da cidade, convidava a população para um olhar renovado sobre seus patrimônios.  

Ao longo do sábado, a programação envolveu coletivos e instituições locais em atividades para diferentes públicos. Para Mariângela Araújo e Isabella Jannot Carneiro, do Parque Estadual Cerca Grande (IEF), o público recebeu muito bem as temáticas abordadas. Segundo elas, o Festival mostrou que há demanda por iniciativas do tipo. “Os patrimônios de Matozinhos são muito pouco divulgados e valorizados. O evento marca um novo olhar [sobre esses patrimônios] e despertou, com certeza, interesse pelo tema”, definem.  

Ações de multiplicação 

Ofertado no mês de abril, o curso Educação Patrimonial e Pertencimento: reflexões e práticas buscou contribuir para a reflexão sobre os patrimônios culturais locais e sua relação com a identidade e o pertencimento. Voltou-se para educadores da rede pública de ensino, agentes culturais, mediadores, facilitadores ou arte-educadores de organizações sociais. Compuseram o curso atividades téoricas e práticas, como excursões por Matozinhos e Mocambeiro, rodas de conversa e muito mais. 

O curso contou com a presença de educadores, formadores e pessoas atuantes no setor de cultura e artes do município. As e os convidados abriram em conversas e compartilhamentos de memórias afetivas, elementos importantes na construção das identidades culturais de Matozinhos e região. 

Por outro lado, o Raízes da Gente realizou atendimentos em comunicação junto a grupos socioculturais da região, de forma a abrir espaço para a preservação de sua memória e impulsionar sua inserção no mercado da cultura. A partir do mapeamento colaborativo de vínculos dos grupos e de suas demandas, foram feitos planos de intervenção e desenvolvidos produtos como folders, lambe-lambes e postais. 

Incentivando projetos: o Audioetal Raízes da Gente 

Ainda com vistas à valorização dos patrimônios locais, o Raízes da Gente selecionou dez projetos de educação patrimonial junto às juventudes. As propostas foram viabilizadas por meio de aporte financeiro de R$ 4 mil reais. A forma de seleção? Um audioetal, tipo de edital simplificado criado pela AIC que recebe inscrições em áudio, com vistas à democratização do acesso.  

Mais do que repassar recursos financeiros, porém, o audioetal também proporcionou aos grupos uma tutoria formativa. Ou seja, o longo das etapas de planejamento, execução e prestação de contas, os grupos tiveram acompanhamento especializado da equipe do Raízes da Gente. Foram mais de 40h de tutorias, acompanhadas por materiais didáticos, ferramentas e videoaulas produzidas e compartilhadas pelo Raízes. 

Ao final, a Mostra Mobiliza Cultura reuniu as produções criadas nas diferentes frentes do programa, promovendo seu reconhecimento pela comunidade. Em sintonia com a ideia de uma “exposição em processo”, de caráter experimental, apostamos numa metodologia curatorial coletiva e colaborativa. Nesse sentido, a equipe técnica e os atores culturais comunitários envolvidos partilharam a tomada de decisões. 

1 As ações do programa Raízes são realizadas pela AIC e também fazem parte do projeto Mobiliza Cultura 2022: fazeres colaborativos em arte e mobilização cultural, com a parceria da Prefeitura Municipal de Matozinhos e patrocínio da Cimento Nacional, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais.   

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