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Como fazer um edital acessível para o maior número possível de grupos e lideranças comunitárias? Em 2021, quando a AIC se deparou, mais uma vez, com essa pergunta – nada incomum no campo da gestão cultural –, começamos a esboçar uma nova solução, a partir da escuta da nossa rede. Por que não fazer uma seleção simplificada com inscrições por meio de áudio de WhatsApp? Nascia então o Audioetal, tecnologia social certificada na 12ª Edição do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social, em abril de 2024.
O Audioetal propicia que grupos periféricos participem de processos de seleção, dos quais foram historicamente excluídos por barreiras sociais. Ao reconhecer e incorporar a prática da oralidade ao edital, alcançamos grupos menores e menos estruturados, mas que atuam com relevância e qualidade em suas comunidades. Assim, proporcionamos uma ampla democratização do acesso a recursos financeiros e outros benefícios de incentivo.
Nos últimos anos, a AIC vem utilizando essa tecnologia social em diferentes iniciativas – como na ação Comunidade Viva Sem Fome e no Programa Integrar, da Kinross. Em suas 4 primeiras edições, o Audioetal contemplou 63 propostas e repassou mais de R$ 370 mil em recursos diretos para os grupos. Desse modo, pode fortalecer as iniciativas e contribuir para sua sustentabilidade.
Com o reconhecimento da Fundação Banco do Brasil, o Audioetal agora integra a Plataforma Transforma!, compondo um banco de 765 iniciativas que contribuem para o desenvolvimento do país. Trata-se de produtos, técnicas ou metodologias reaplicáveis, desenvolvidos na interação com a comunidade e que representam efetivas soluções de transformação social.
Reconhecendo e valorizando a oralidade
“Explica a ideia nas suas palavras, sem medo de errar!”. Em nossas ações de apoio a grupos na escrita de projetos, a oralidade sempre funcionou como recurso para gerar destravamento e facilitar insigths. Diante das dificuldades para ler editais extensos e preencher formulários burocráticos com centenas de caracteres, essa prática permite que agentes culturais e comunitários elaborem respostas suas propostas de maneira consistente e alinhado às suas vivências.
A oralidade é também um importante elemento de resistência presente na cultura popular e no cotidiano de povos indígenas e de matriz africana. Trazê-la para o desenho do Audioetal é, portanto, um modo de reconhecer e valorizar saberes tradicionais em mecanismos de incentivo, especialmente naqueles que prevêem o repasse de recursos para realização de ações socioculturais.
Para além da seleção: o caráter formativo do Audioetal
Além de uma forma de seleção simplificada, o Audioetal é também uma oportunidade formativa para os grupos selecionados. Isso porque ele prevê o acompanhamento especializado ao longo das etapas de execução e prestação de contas das propostas.
A ideia é que a equipe de suporte ajude os grupos a estruturarem e pensarem suas ações dentro da lógica de projetos – com início, meio e fim – e auxilie na construção de plano de ações, cronograma e orçamento. Também pode tirar dúvidas que surgirem ao longo do processo, apresentar referências e fazer pontes com especialistas no tema tratado, por exemplo.
Sempre que possível, esse acompanhamento também se estende para a prestação de contas. No Audioetal, essa etapa tem caráter educativo, fortalecendo e envolvendo a comunidade. Os grupos recebem um modelo simples, que deve ser preenchido seguindo as instruções, com o apoio da equipe responsável.
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