A campanha de financiamento coletivo mais fofa do mundo tem nome – e foi um sucesso! Lançada em 2020, a Fraldinhas nas Vilas respondeu a um desafio identificado na escuta de iniciativas da rede Periferia Viva: a alta e constante demanda por fraldas infantis entre as populações periféricas e tradicionais. 

Com a pandemia e seus efeitos sobre a economia, muitas famílias em situação de vulnerabilidade social se viram sem condições de arcar com o custo de cerca de R$140 mensais para manter seus bebês limpos e sequinhos. A busca por uma solução apontou para a alternativa das fraldas ecológicas. Laváveis e com ajustes para diversos tamanhos, elas acompanham o crescimento dos bebês e não causam assaduras, inimigas nº 1 da higiene infantil. 

A proposta agradou as mães das comunidades que seriam atendidas, lançando a equipe do Periferia Viva à procura de empresas parceiras. Diante da oportunidade de popularizar o uso das fraldas ecológicas e contribuir para uma causa social, várias fabricantes demonstraram interesse em contribuir. Com uma delas, a Fraldadinhos, deu matchpara cada R$1 recebido na campanha de financiamento coletivo, a marca propôs doar mais R$1, dobrando o valor arrecadado na plataforma Benfeitoria

Para completar a proposta, a Fraldinhas nas Vilas ofereceu uma recompensa para doações a partir de R$100 – o e-book inédito Olha Olha, de autoria de Bruna Lubambo e Aline Lucena, voltado especialmente para bebês e crianças pequenas. A ideia foi envolver ainda mais a temática infantil na campanha e sensibilizar mães, pais e pessoas que conhecem bem os desafios de cuidar da criançada. 

Mobilização e rede voluntária em torno de uma causa social agregadora 

É preciso uma aldeia para proteger as crianças – e a Fraldinhas nas Vilas foi prova disso. O sucesso da campanha de financiamento coletivo foi fruto de um intenso trabalho coletivo de mobilização, envolvendo voluntariado e ações em várias frentes. Do contato com influenciadoras e grupos de Facebook até a assessoria de imprensa, o trabalho de formiguinha trouxe resultados importantes. Foram R$30.199 arrecadados na campanha de financiamento coletivo, através do apoio de 143 pessoas e da Fraldadinhos, sem contar com a doação espontânea de 74 fraldas ecológicas usadas e 160 absorventes. 

A comunicação buscou explorar a convergência de pautas que movem muita gente: a proteção à infância, o combate à desigualdade social e a ecologia.  Com cores alegres e ilustrações delicadas, remetemos ao afeto e à fofura para explicar a importância das fraldas ecológicas para as famílias periféricas, para a higiene dos bebês e para o meio ambiente. Não tem quem perca nessa conta! 

A campanha foi tema de matérias em veículos de mídia como Brasil de FatoEstado de Minas e jornal O Tempo e ganhou o apoio de nomes como a jornalista Cecília Olliveira e a cantora Fernanda Takai. A causa foi longe: através de uma postagem da professora, ativista e hoje vereadora Duda Salabert, o casal Ingrid e Leandro Bighetti, que mora na Alemanha e gerencia o perfil Cerveja com Fraldas, se encantou com a proposta e mobilizou uma rede de apoio à Fraldinhas nas Vilas lá do outro lado do oceano. 

Do lado de cá, mantivemos a divulgação em diferentes canais, explorando nossas redes primárias e secundárias – aquelas pessoas próximas e quem ainda não conhecia a proposta do Periferia Viva. E-mail marketing, instagramaço, twitaço, apoio de projetos parceiros, vídeos e conteúdos para as redes sociais foram algumas das estratégias empregadas para espalhar a palavra. 

Infográfico da campanha mostra os benefícios das fraldas ecológicas.

Com a meta triplicada e batida, os 100 kits contendo 3 fraldas ecológicas e 6 absorventes reutilizáveis, acompanhados de material informativo, foram direcionados a 3 iniciativas da rede Periferia Viva: o Comitê Mineiro de Apoio à Causa Indígena, a Rede Quilombola da Região Metropolitana de Belo Horizonte e a Associação Cultural Social Desportiva dos Bairros Jardim América, Nova Granada e Adjacências – ACSD.  

O reconhecimento da iniciativa é unanimidade entre as lideranças comunitárias que indicaram e acompanharam as famílias beneficiadas. Para Míriam Aprígio, coordenadora da Rede Quilombola da RMBH, a campanha veio na tentativa de preservar os territórios, amenizando o uso de fraldas descartáveis e estimulando o retorno às origens das comunidades quilombolas. Avelin Kambiwá, do Comitê Mineiro, também aponta para a relação entre a proteção das crianças indígenas e da natureza: “Quando as mulheres e as crianças indígenas estão com qualidade de vida, a Mãe Terra também está”. 

Já Rose, da ACSD e a ONG Fala Bem Morro, conta que, no contexto da pandemia, a Fraldinhas nas Vilas ajudou a aplacar as dificuldades financeiras das famílias atendidas na comunidade do Morro das Pedras, na Região Oeste de BH.

Nova fase

Com base no acompanhamento das famílias atendidas na primeira fase da campanha, as fraldas ecológicas se mostraram uma solução eficiente, definitiva e de fácil adaptação para famílias em situação de vulnerabilidade econômica. Assim, passamos para a segunda fase da Fraldinhas nas Vilas, agora em parceria com a Nós e o Davi

O objetivo é arrecadar recursos por meio do financiamento coletivo para compor um kit completo de fraldas ecológicas para 66 crianças das periferias da Grande BH – quantidade que permite que mais de 60 famílias não precisem mais comprar fraldas para seus bebês. 

Contribuições podem ser feitas até dia 31 de maio através da plataforma Benfeitoria.