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Quando o assunto é participação democrática, não é raro que o voto seja a primeira ideia que vem à cabeça. Longe de ser a única forma de participação, ele é, sem dúvidas, de crucial importância para o exercício da cidadania e para a construção de políticas públicas que respondam às necessidades e anseios da população e possam minorar as desigualdades sociais do país.
Para as juventudes, mais do que um momento de escolha de seus representantes, as eleições são também uma oportunidade para pautar seus interesses e bandeiras na política institucional, bem como para se reconhecerem como sujeitos de direitos que têm voz e vez para transformar o mundo que as cerca. Pensando nisso, ao longo do ano de 2022 a AIC lançou duas campanhas voltadas à mobilização do público jovem para as eleições – ambas sem vinculação político-partidária e articuladas junto a iniciativas comunitárias e movimentos juvenis da nossa rede, sobretudo em BH e região metropolitana.
A primeira delas, O título tá on!, veio se somar a um amplo movimento da sociedade civil pelo cadastramento de jovens de 16 e 17 anos junto ao Tribunal Superior Eleitoral, diante do baixo percentual de adolescentes com título de eleitor registrado no começo do ano. Com o bordão “Brota na urna!”, convidamos esses adolescentes a criarem o documento e darem seu primeiro voto em outubro, expressando seus desejos e visões de mundo nas urnas. Buscamos mostrar que, quanto mais pessoas votam, mais diverso e representativo é o resultado do pleito.
Já a segunda campanha, intitulada E pra nós? KD as propostas pras juventudes?, foi encabeçada pelo AIC Lab e pelos parceiros de longa data Fórum das Juventudes da Grande BH e Observatório da Juventude da UFMG. A iniciativa chega na véspera das eleições com o intuito de convocar jovens às urnas e informar sobre o papel de cada representante do poder público e o que podem ou não fazer pela população. Além disso, também visa promover discussões e reflexões em torno de propostas apresentadas pelas candidaturas que afetam diretamente a vida de jovens – afinal, não basta que a pessoa que concorre ao cargo seja jovem, é preciso que atue em prol dos direitos desse público.
Ambas iniciativas foram desenvolvidas para dialogar, prioritariamente, com as juventudes periféricas. Segundo Nathalia Vargens, coordenadora do AIC Lab, o recorte foi certeiro e demonstrou que jovens que moram nesses territórios têm interesse na política institucional, e que é preciso produzir e circular informações sobre a importância do voto que cheguem até essas pessoas.
“Nesta segunda edição, percebemos também que ainda há uma dificuldade muito grande das pessoas identificarem propostas que são voltadas às juventudes e ao combate aos problemas enfrentados por elas, especificamente. Muitas vezes as candidaturas argumentam que suas propostas são pra todos, quando as questões que acometem as juventudes, principalmente a preta e periférica, são muito específicas, e precisam de medidas também específicas”, comenta Nathalia.
Para jovens, uma linguagem jovem: nossas estratégias de mobilização
Memes, gírias, conversas de “zap” e uma estética jovem povoaram os materiais produzidos pelas duas campanhas para conversar com as juventudes da quebrada. A ideia foi aproximar o público de temáticas que tão frequentemente parecem desassociadas de suas vidas, apesar de estarem intrinsecamente relacionadas. O cuidado esteve em cada detalhe, como nas figurinhas e slogans escolhidos e na busca por formatos que utilizassem poucos dados móveis do celular, pensando em quem enfrenta barreiras digitais.
Se a linguagem empregada foi despojada, isso não significou conteúdos menos sérios ou precisos. Pelo contrário: cada um dos materiais contou com um olhar técnico para que as informações fossem atualizadas e apuradas. Com peças para Instagram, Facebook, TikTok e WhatsApp disponibilizadas na nuvem e distribuídas para agentes multiplicadores que atuam nas comunidades, as campanhas logo ganharam o mundo virtual, dando lugar a solicitações das mais diversas – de jovens com dúvidas sobre as eleições a veículos de mídia interessados em contar sobre a mobilização.
O foco no digital, porém, não nos afastou das ruas, especialmente na primeira campanha, ainda em abril. Os informativos impressos foram rapidamente distribuídos para lideranças e iniciativas comunitárias, que, incentivadas pela campanha, promoveram ações locais nos territórios – de panfletaços à disponibilização de pontos de acesso à internet para cadastramento no site do TSE, passando pela boa e velha troca de ideias. Voltar ao corpo a corpo depois de um longo período de restrições sanitárias foi também prova de que a conversa olho no olho segue sendo um caminho para promover direitos e sensibilizar para causas de interesse público – sem nunca desconsiderar, é claro, a força e a importância das redes.