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Saltar da conexão presencial para a remota é um movimento nada fácil para projetos colaborativos de cultura e mobilização social. Em 2020, o desafio foi encarado com muita coragem e afinco pelo Conexão Comunidade, programa patrocinado pela VLI que promove reflexão, registro e difusão sobre a memória coletiva e o patrimônio cultural em diferentes localidades do país.
Na edição que englobou 9 cidades de 4 estados brasileiros – indo desde Barra dos Coqueiros, em Sergipe, até Cubatão, em São Paulo -, estavam previstas oficinas de arte e comunicação com turmas escolares, bem como ateliês com agentes culturais para mapeamento e difusão da memória das comunidades. Como ação de culminância destas duas frentes, seriam realizadas mostras interativas com instalações multimídia, intervenções e apresentações de grupos culturais locais.
A pandemia e as medidas de isolamento social surpreenderam a execução do Conexão Comunidade e interromperam suas atividades presenciais, lançando a equipe à reformulação da proposta para o modo remoto. “Nossa ação sempre foi permeada por processos de escuta, vivência e troca com as pessoas. Ao transpor isso para o formato digital, tentamos construir algumas pontes que mesclassem tanto o formato digital como também o envio de materiais impressos”, conta Jéssica Kawaguiski, designer e arte-educadora do projeto.
A frente voltada às escolas, antes restrita a algumas turmas, se ampliou para todo o Ensino Fundamental 1 e 2 das instituições parceiras, passando de 456 para 5.000 estudantes atendidos, além de 900 docentes. Para isso, foram desenvolvidos materiais de comunicação e educação patrimonial que orientassem as crianças e adolescentes em atividades autogestionadas, enquanto professoras e professores receberam publicação com técnicas, dicas e planos de aula de educomunicação. O material para estudantes incluiu um caderno impresso, o Diário do Explorador, a série de videoaulas Meu Quintal Patrimônio e podcasts distribuídos entre rádios locais dos municípios.
A atuação junto a agentes culturais, por sua vez, foi completamente reformulada em 3 módulos de articulações e atividades à distância. O diagnóstico do patrimônio cultural consistiu em um trabalho virtual de pesquisa e levantamento de dados dos patrimônios culturais de todas as cidades. Este diagnóstico resultou no Atlas Subjetivo do Conexão Comunidade e retornou a mais de 60 instituições e grupos socioculturais participantes.
No módulo de comunicação, 52 grupos e agentes culturais detentores de patrimônios participaram de formação na modalidade mídia-processo, sendo atendidos com a criação de produtos de comunicação (identidade visual, apresentação, publicações ou peças audiovisuais). Segundo Jéssica, a falta de encontros presenciais repercutiu nos atendimentos: “Foi um aprendizado mútuo saber lidar de uma forma melhor com essas plataformas digitais, produzindo peças voltadas, por exemplo, para Instagram ou portfólios para serem compartilhadas via WhatsApp, alinhadas muitas vezes com a criação de uma identidade visual”.
Por fim, o módulo sustentabilidade consistiu na realização de um curso à distância de mobilização de recursos, compreendendo série de 8 videoaulas sobre escrita de projetos para editais, material de apoio, live de lançamento e apoio a grupos na criação de projetos para envio a editais e fundos.
Um conjunto de ações foi pensado para encerrar este ciclo tão desafiador quanto gratificante, a começar pela construção de uma plataforma virtual. A convite do Conexão Comunidade, 8 grupos socioculturais também participaram de lives na página da AIC no Facebook, e cada município recebeu 2 totens interativos instalados em pontos estratégicos. Finalmente, agentes culturais, escolas e alunos participantes receberam kits com as produções finais do projeto, totalizando 3.100 unidades distribuídas.
Conexão Comunidade e Educação Patrimonial Participativa
Em 2021, o Programa Conexão Comunidade se desdobra no projeto Educação Patrimonial Participativa2. O objetivo é criar espaços para reflexão, qualificação e fortalecimento dos fazeres de comunidades escolares e agentes culturais voltados à salvaguarda e transmissão de patrimônios locais.
O trabalho se divide em duas frentes: a primeira, intitulada “Se esse patrimônio fosse meu: educação patrimonial e pertencimento”, tem natureza formativa e é endereçada a educadores, alunos, comunidades escolares e facilitadores envolvidos com a temática do patrimônio cultural em seus territórios.
A segunda frente de trabalho, Mapeando Matozinhos, se dedica ao registro, valorização e disseminação da história e do patrimônio cultural de Matozinhos (MG), incluindo a criação de espaços de exposição e visibilidade das produções colaborativas.
Saiba mais sobre o projeto em seu site.
1 O projeto “Conexão Comunidade – Rede de agentes comunitários pelo fortalecimento do patrimônio imaterial e de culturas locais” (número de Pronac: 190340) é executado pela AIC, patrocinado pela VLI e realizado com recursos da Lei de Incentivo à Cultura da Secretaria Especial de Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal. Em 2019 e 2020, realizou atividades presenciais e remotas nas cidades de Barra dos Coqueiros (SE); Alagoinhas e Brumado (BA); Araguari, Arcos, Belo Horizonte, Patrocínio, Santa Luzia (MG) e Cubatão (SP).
2 O Projeto Educação Patrimonial Participativa (número de Pronac: 193894) é executado pela AIC, patrocinado pela VLI e realizado com recursos da Lei de Incentivo à Cultura da Secretaria Especial de Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal.