Muito se fala sobre as colaborações possíveis entre a sociedade civil organizada e as universidades, em prol do desenvolvimento social. Mas como construir essas pontes? O que pode, de fato, nascer dessas parcerias? Com décadas de atuação junto a instituições de ensino superior, a AIC tem algumas pistas para começar a responder a estas perguntas.

Nascemos de um projeto de extensão da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e nunca deixamos de reinventar os laços com o setor, entendendo a importância desses diálogos para a construção de saberes e o fortalecimento de iniciativas comunitárias. Hoje, a AIC mantém parceria de cooperação técnica com a UFMG, atuando nos eixos de ensino, pesquisa e extensão.

Dessa união surgiram diversas cooperações – junto ao Programa Polo Jequitinhonha, por exemplo, atuamos na Rede de Comunicadores do Vale do Jequitinhonha, no Plano de Desenvolvimento para o Vale do Jequitinhonha, na Assessoria de Comunicação Colaborativa e no Encontro de Comunicadores do Vale. Andamos de mãos dadas, também, com o Observatório da Juventude, programa de ensino, pesquisa e extensão da Faculdade de Educação, e com o Grupo de pesquisa em Comunicação, Mobilização Social e Opinião Pública (Mobiliza), vinculado ao Departamento de Comunicação Social.

Outro resultado da parceria com a UFMG é a disciplina laboratorial Agência de Comunicação Solidária (ACS), ofertada desde 2010. Voltada para processos de planejamento da comunicação, a iniciativa conjuga o desenvolvimento institucional de entidades comunitárias da região metropolitana de Belo Horizonte à formação acadêmica de estudantes que se interessam pelas atividades de comunicação dirigidas à mobilização social.

Ainda no escopo das atividades junto à UFMG, desenvolvemos programas como o Comunicação Solidária Covid-19 – responsável pela criação, em 2020, de uma ampla frente de voluntariado no Periferia Viva e Comunidade Viva Sem Fome, que permitiu a expansão das atividades da rede e mobilizou, ao todo, mais de 40 pessoas voluntárias em diferentes frentes de trabalho.

Professor do Departamento de Comunicação da UFMG, Márcio Simeone conta que o fazer junto à AIC gera aprendizados mútuos que chegam também às salas de aula: “A integração de nossa atuação, desde a reflexão teórica e metodológica até a lida prática, reflete em tudo que temos desenvolvido na Universidade, da graduação à pós. Na extensão, temos uma trajetória longa que sem dúvidas está deixando uma marca de atuação colaborativa e muito reconhecida para além das duas instituições”.

O ano de 2020 deu lugar, ainda, a uma parceria da AIC com o Centro Universitário Una. Por meio do projeto de extensão Cartografia dos Afetos: produções midiáticas com ONGs, coordenado pela professora Juliana Lopes, estudantes desenvolveram produtos comunicacionais para dez iniciativas sociais integrantes da rede Periferia Viva, atendendo às suas demandas específicas.

“Saber que os alunos dos cursos de Publicidade, Jornalismo, Cinema e Relações Públicas conseguiram extrapolar as barreiras da faculdade para horizontes sociais, estendendo seus conhecimentos e seus afetos, é uma sensação de transformação. Afetar o outro neste momento foi um passo importante”, conta Juliana.

Afetar e deixar-se afetar, criar reflexões, metodologias e produções em colaborações e aprendizados de mão dupla, seja ensino, pesquisa ou extensão – é o que podem as organizações da sociedade civil junto à Universidade.