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A implementação do Novo Ensino Médio no Brasil, a partir de 2022, trouxe uma novidade para muitas escolas: a inclusão do projeto de vida como componente curricular obrigatório. Segundo o Instituto Ayrton Senna, o projeto de vida é um espaço para os alunos refletirem, de forma sistemática, sobre sua trajetória escolar, suas experiências na escola e no tempo livre e seus projetos para o futuro.
Os professores podem receber formação específica e desempenhar o papel de orientadores dos projetos de vida dos estudantes, seja em uma disciplina própria ou de modo transversal. Segundo o percurso proposto pelo pedagogo Antônio Carlos Gomes da Costa, o processo de orientação de projeto de vida engloba uma série de atividades estruturadas, em que os estudantes têm a oportunidade de:
- refletir sobre suas identidades;
- desenvolver um “querer-ser” – uma postura desejosa diante da vida;
- identificar e projetar os seus desejos no tempo;
- identificar seus desafios e forças;
- e construir estratégias para viabilizar a concretização de seus sonhos – traduzidos em metas de curto, médio e longo prazo, bem como em planos de ação.
A construção de um projeto de vida, ou seja, de sonhar o futuro a partir de condições materiais do presente, é, acima de tudo, uma capacidade que vai sendo desenvolvida, paulatinamente, no processo de formação do sujeito. Esse pode ser um percurso transformador para a experiência escolar, envolvendo estudantes, famílias e até mesmo a comunidade.
Reunimos aqui algumas atividades práticas para trabalhar o tema em sala de aula. Você pode encontrar os planos detalhados na cartilha Metodologias para a Aprendizagem Ativa – Vol.1. Boa sorte!
1. Mapeando sonhos
Onde quero estar e como quero ser nos próximos dois, cinco, dez anos? Essa é a pergunta que move a atividade, em que os jovens são convidados a construir mapas afetivos que traduzam seus sonhos e perspectivas de futuro. A ideia é que resgatem seus desejos mais íntimos e reflitam sobre eles, individual e coletivamente, injetando ânimo e a certeza de que é possível construir.
A atividade pode ser dividida em dois dias. No primeiro encontro, grupos de até cinco alunos devem intervir com canetões, imagens e recortes num painel kraft com três colunas, relacionadas a cada um destes tempos futuros – daqui a dois, cinco e dez anos. Ao colar imagens e palavras, as e os integrantes devem explicar ao grupo os sonhos associados a cada escolha. Ao final, os grupos identificam as perspectivas em comum e divergentes, bem como os meios necessários para alcançá-las.
Na segunda aula, os grupos compartilham com toda a turma uma conclusão da discussão. Como encerramento, reflete-se em conjunto sobre a real possibilidade de alcançarem seus objetivos, a partir das oportunidades disponíveis e da disposição em criar as condições necessárias para isso.
2. Projeto de vida: sonho com degraus
Essa atividade propõe um exercício de reflexão, pelos alunos, acerca de seu contexto, aspirações e metas. A partir de tal reflexão, elas e eles podem traçar seus projetos de vida e elaborar estratégias para concretizá-los. Trata-se de encarar a realização dos sonhos como um caminho com degraus, em que se alcança uma etapa por vez.
A ideia básica consiste em sistematizar as aspirações e metas dos jovens, definindo, para cada tópico, ações e recursos estratégicos para a busca paulatina de sua concretização. Separada em duplas e com a mediação do educador, a turma preenche roteiros como o disponibilizado abaixo, que servirão de orientação para seus próximos passos. O material de apoio completo está disponível em Metodologias para a Aprendizagem Ativa – Vol.1.
Essa atividade não se encerra em si mesma. Como veremos a seguir, ela se completa na avaliação e na reflexão periódica sobre os caminhos percorridos, a partir da elaboração do projeto de vida.
3. Projeto de vida: sonho que se sonha junto
Nesta atividade, revisamos bimestralmente os sonhos e objetivos traçados por cada jovem em seus projetos de vida, construídos no exercício anterior. Propõe-se uma reflexão crítica a respeito de diferentes aspectos: o que foi feito, como, o que deu certo, o que pode melhorar, os próximos passos. Assim, o educador ganha subsídios para intervir de forma mais direta e personalizada, no sentido de auxiliar os alunos em seus objetivos e metas.
A conversação se dá em roda, com combinados para que todos tenham oportunidade de falar e sejam respeitados em suas expressões. Na primeira rodada, em sentido horário, cada jovem se manifesta sobre o que registrou em sua ficha, tendo a liberdade de expor os aspectos que quiser. Na segunda rodada, no sentido anti-horário, o jovem deve intervir de forma crítica e respeitosa no sonho do seu colega da direita. Vale dar uma dica, um elogio, uma palavra de incentivo ou um conselho a respeito da rodada anterior.
Extra: educação para o patrimônio como aliada
Na sexta competência geral da Base Nacional Curricular Comum (BNCC), o projeto de vida aparece associado à valorização da diversidade de saberes, culturas e experiências. Ou seja, é a partir dessa diversidade que o sujeito pode “fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida”.
A BNCC também aponta que essa construção acompanha o desenvolvimento das identidades dos estudantes, em diálogo com a cultura e as demandas sociais. Dessa forma, a educação para o patrimônio pode ser uma grande aliada, na medida em que propicia reflexões sobre identidade, memória e pertencimento e promove o encontro com diferentes expressões culturais.
Quer colocar as atividades em prática na sala de aula?
Acesse os roteiros completo das atividades e seus materiais de apoio na cartilha!