O diálogo e o fazer colaborativo caminham lado a lado, não apenas por demandarem interação, mas por propiciarem solos férteis para novos saberes, metodologias e produções. Através do diálogo, o AIC Lab, laboratório de experimentação metodológica da AIC, busca promover, na prática, a participação efetiva dos grupos nos processos realizados com eles de incremento de sua comunicação e de fortalecimento institucional.  E foi do entendimento de que a colaboração é a chave para o compartilhamento de saberes, que, em 2012, tivemos nossa primeira experiência com o design colaborativo aplicado no atendimento a grupos e coletivos.  

Há 10 anos, quando o AIC Lab ainda se chamava ACS – Agência de Comunicação Solidária, nos reunimos com Fernando Vieira e Aparecida de Arruda, a Tantinha, fundadores do grupo Ervanário São Francisco de Assis, que atua a favor da preservação do conhecimento de manipulação de plantas para produção de medicamentos homeopáticos. Nesse encontro, a casal sinalizou o desejo de mudar sua marca, pois a atual já não ilustrava sua identidade.  

Foram cinco encontros movidos a conversas e sensibilizações sobre gostos, aversões e propósitos. Na última reunião, houve um momento dedicado a fazer desenhos e, já familiarizados com alguns elementos criativos, Fernando e Tantinha arriscaram alguns modelos usando as próprias raízes das plantas, elemento escolhido pelo casal como símbolo do trabalho desenvolvido. Do desenho feito com raízes, surgiu a nova marca do Ernavário, bem com outros elementos de identidade visual, que até hoje estampam seus catálogos, papelaria e embalagens dos produtos. O caso Ervanário, que contamos em detalhes neste artigo, foi a experiência piloto desse processo colaborativo para criação de identidade visual e se tornou um ponto de referência para outros atendimentos que vieram depois.  

Mais tarde, a ACS ampliou as práticas participativas para a produção de planejamentos colaborativos de comunicação, no âmbito do Projeto Centro de Mídias de Acesso Público, financiado pela Gerdau, entre 2014 e 2015. Ao todo, 27 entidades do interior de Minas Gerais realizaram o diagnóstico e plano de comunicação com as metodologias participativas da AIC, sendo que oito delas chegaram a desenvolver conosco, por meio do design colaborativo, a produção de identidades visuais, peças de comunicação e outras ações que foram implementadas.  

De 2015 a 2017, a Agência expandiu seus processos, experimentando e reinventando proposições criadas durante seus atendimentos. A partir das experiências participativas, apoiou processos de construção de espaços comunitários, como da Creche Leonardo Franco, em Santa Luzia, realizou o Plano de Desenvolvimento para Vale do Jequitinhonha, além de produtos institucionais, eventos e intervenções.  

Tantas experiências e proposições metodológicas foram reunidas e registradas num esforço do Comitê de Metodologias da AIC no ano de 2019. Depois disso, veio a pandemia da Covid-19 e nossos esforços de recriar as ferramentas e modos de fazer no ambiente virtual. A partir de tudo isso, e sentindo a necessidade de sistematizar os processos internos de design colaborativo, em 2020 o Comitê propôs, a partir de um projeto enviado à Lei Municipal de Incentivo à Cultura, a criação de uma ferramenta de diálogo muito importante para a AIC: o jogo do design colaborativo, que tem como objetivo qualificar e facilitar o diálogo durante os processos de atendimento de toda a AIC nas demandas de criação visual de grupos e coletivos. 

Então estamos nesse pé: elaborando o jogo, selecionando grupos para experimentá-lo. Como já contamos por aqui, o AIC Lab dá um próximo passo no aprimoramento de metodologias voltadas aos processos colaborativos: estamos construindo uma ferramenta que qualifique a discussão dos grupos atendidos, identificando percepções, conhecimentos e afinidades das pessoas envolvidas nos processos de planejamento de comunicação e criação de identidades visuais. 

A Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, apresenta: “Guia do Design Popular Colaborativo: experimentações na criação visual popular” (nº 2442/2021-1) 

Quer conhecer mais sobre a nossa atuação?

Acesse a publicação abaixo!